quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Em 2009 o diário de bordo continua

... mesmo não sendo propriamente um diário.
... mesmo sendo uma folha branca com teorias bizarras.
... mesmo sendo uma branca rolha, com ausência de falas.

Diário que não é diário. Acho que é uma espécie de resumo retardatário.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Choro

Um dia perguntaram a um ator se ele ficava aos prantos como no palco.

Ele respondeu que era de carne e osso, que acordava desanimado às vezes,
Que tinha uns revezes, como qualquer reles, que soltava fezes sem cerimônia.

Repetiram a pergunta.

Ele disse então que não costumava chorar por Julieta,
Nem por Desdêmona,
Nem por ter sido um parricida, como Édipo,
E nem parecia o protagonista da novela das oito.

Mas disse que a namorada tinha um nome maroto
Que impedia o choro, qualquer roto sentimento.

(Ou apenas assim se posicionou)

Impossível escrever

Impossível escrever, possível pensar, impossível pensar, escrever qualquer coisa, coisa se escreve como qualquer, é impossível escrever qualquer coisa, uma coisa é possível, milhares de coisas deveria ser impossível. Visível é a falta de um diário.

Risível é a falha do ator.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Sobre o nome

Era estranho. Desde a idade mais remota que me recordo, esse nome sempre foi esquisito. Mamãe sempre dizia que ela era chamada assim na escola, porque era do pai dela. Papai ria do fato dela ter essa palavrinha peculiar e isso foi mesa de discussões entre muitos amigos.

“Como assim italiano?” perguntavam algumas pessoas, com um ar de indignação moderado. E é sim. Italiano de Segunda Guerra Mundial, apenas um parentesco acima de minha mãe, na ordem cronológica. Não é uma descendência muito “alongada”, se é que me entendem, tipo coisa de bisneto. Mas o fato é que o nome marcou a minha vida toda. Causa risadas e algumas confusões. Acho que algumas pessoas o acham ridículo.

O fato é: determinado ano, uma senhorinha um tanto reprimida, coisa freudiana mesmo, resolveu me chamar o tempo inteiro por essa palavra. E ela não era qualquer senhorazinha, pois ela dava aulas tediosas que eu era obrigado a suportar durante um ano. Para mim, na sala de aula sempre se absorve alguma coisa, mas, ao ouvir aquele ser vociferar como se o nome fosse algo bizarro, eu realmente ficava um tanto quanto incomodado, e rancoroso, talvez.

Mas, como é coisa pra vida toda, que eu não pretendia mudar em cartório, fiquei de bico fechado. Talvez tenha dito pra ela uma ou duas vezes o que havia de errado com a bendita palavra. Mas ficou por isso.

A mulher falou tanto naquela palavra, mas tanto, que eu acabei até gostando dela.

Virou meu diferencial, meu nome único, superior.

No entanto, ainda causa risos. Sempre causará. Meu chefe não sabe falar essa palavra, e não parece querer saber. Meu irmão reduz a palavra pra virar apelido. Minha namorada dificilmente pronuncia.

Ao contrário da maioria das palavras italianas, esse sobrenome não é nada famoso.

Pedro Zambarda de Araújo
22/12/2008

Guia do novo revolucionário #3

Não te orgulharás da palavra revolucionário.

Não chamarás o semelhante de companheiro.

Não serás amoroso, se o sentimento for falso. Serás competente.

Não serás servo do sistema, serás o sistema de si próprio.

Não te basearás no discurso alheio sem estudo.

E, quando te achares muito estudado, revisarás tudo.

domingo, 23 de novembro de 2008

Guia do novo revolucionário #2

Não farás passeatas.

Não farás discursos vazios.

Não farás discursos curtos.

Exercerá a crítica e a auto-crítica.

Exercerá o anti-idealismo, a anti-lógica e a loucura.

Exercerá o anti-marketing, para o novo marketing.

Exercerá o exercer. E não se lamentará jamais.

Guia do novo revolucionário #1

Destrua as esquerdas e as direitas. Destrua o cento e as diagonais. Destrua a política, a agressividade e o pacifismo. Destrua o tempo.

Destrua a sua aflição e a de outros. Viva acima do ser humano.

Estamos estagnados nos anos 1960, cheios de clichês e nostalgias. Nada impede que você ouça Beatles, que tenha depressão e que consuma comprimidos. Mas a realidade, a que respira o conreto, é supra-humana.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

(conexão dial-up)

A grande maioria acha que escrever em internet
não serve para nada, apenas repete.

Mas fazendo um pouco de nada,
Atolado com um pouco de tudo, no seio da manada,
Você se sente mamado, drogado.

(dopado.o msn furado. histórico do homem desregrado)

David Bowie

Ele é o único cantor que, ao interpretar o Ziggy, faz a voz mais viada de mensagem pra homem.

Às vezes eu paro pra pensar o quanto sou desprezível.

Músicas: Life on Mars, Memory of Free Festival Part 1, Heroes.

Mas qualquer uma delas é válida, o camaleão é válido.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

(Não há tempo)

(Não há tempo de terminar)
(Não há tempo de beijar)
(Não pode trepar)
(Não poderá)
(Não terá)
(Negará)
(Não)

(...)

(Sapo)
(Tempo)
(O sapo do tempo)
(O teto do seio do relento)
(Eu trepo no centro do mundo)

Seriedade

Ok, pense na seriedade profissional:

Happy Hour, Tédio Generalizado, Coisas tem que ser "Legais" ou " Chatas", Ser NERD é Ser Idiota, Ser é Ter, Ter não é Ser.

Ok, agora desista, vá ser diferente dos outros
e não encha meu saco, seu imprestável.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

do significado das palavras

estou lendo sobre moralistas franceses. moralistas são vistos como arautos da bondade, pessoas comedidas, de assuntos medidos em réguas geométricas do raciocínio equilátero, bilateral, chato.

moral é uma subjetividade. subjetividade é estar livre de se escravizar e ter que pertencer a um pensamento fixo. da moral, você deixa de ser medíocre, deixa de ser melhor, deixa de ser pior, deixa de ser esquerda ou direita. a regra concreta das normas são a gota de insensatez do nosso mar turbulento. do nosso caos sem sustento.

enquanto as pessoas querem curar o mundo das bactérias, a subjetividade diz apenas: tudo é acaso, tudo é caso de negação e afirmação, tudo é partido de uma parcela de nada, tudo é mínimo e desnecessário, toda a inutilidade é válida e arbitrária dentro de uma paranóia racionalizada.

tudo é nada. nada é tudo. tudo nada. nada tudo.

nadamos da superfície onde tutoriais não explicam.
o tutor não tem nadadeiras.

Hoje eu vou dormir cedo

Hoje eu vou dormir cedo,
Vou compor enredo
Dentro de meus pensamentos.

Dizem que durmo muito,
Mas no final das contas, sonho
Com a chance de não ter que o cilho
Fechado, prefiro estar no asilo acordado.

Sou camisa de força,
Sol da moça, noite insossa,
Sentimento insone, pensamento
Disforme.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Fatos

Poucos me lêem e
Os amigos não mais se vêem.

Verdade do leito,
Ilusão do peito.

Um livro só seu.

Não pretendia atualizar isso até certas coisas estarem resolvidas na minha cabeça.

(ou eu ter disposição e gás para retornar o diário de bordo)

Mas, enfim, receber um livro que você fez (mesmo que seja em parte) é um ato de auto-exaltação, de encontro, de reencontro, de choque com a realidade.

Seus olhos não enchem de lágrimas, mas a respiração e as tremedeiras se ampliam.

--

Um dia escrevi uma poesia chamada Livro do Morto.
Hoje meu livro, meu filho, está vivo. O mundo gira outra vez.
Passamos pelo gênese.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Academia

Tentativa de conhecimento,
Recrudescimento de vocabulário,
Reclusos alunos no calvário,
Ensinamentos totalmente arbitrários.

Uma misantropia manifesta,
Uma sociologia dispersa,
Universidade sem faculdade,
Faculdade universa.

sábado, 21 de junho de 2008

Un peu de rock´n´roll

SIM. Curto besouros que cantam deixa estar para o sargento pimenta colega do rosa floyd. O sistema faliu para as megamortes, cúpula onde os ramones comentaram sobre o cemitério dos animais. Enquanto isso, a simpatia pelo diabo era proferida pelos rochas rolantes, parceiros sexuais do David Faca que atira a taça pras armas e flores. Também estavam presentes o mestre dos fantoches, o dirigível de chumbo e o roxo profundo, além dos pistolas sexies que faziam exercício na academia.

Novamente retornamos ao besouro que virou amigo da japonesa bolacha. Os rádios sentem falta do besouro baleado. Os cegos guardiões me guardam, junto com o sabá negro que preparamos todas as noites.

Diário de bordo

Diário do capitão
Do pelotão
Em naufrágio.
Sufrágio (universal).

Mofo

Dei um bolo no meu amigo insosso,
Meu sono é um lutar insano,
O pó no rodo não tira o soro
Da minha pilha de papel roto.

sábado, 17 de maio de 2008

Espero meu pai

Não Deus, nem meu destino. Nem por qualquer outra noção metafórica paterna. Paternalismo.

Espero meu pai físico que me foi segregado. Queria poder berrar isso sem ser negado, censurado.

Essa é por você, pai.

Comentários

Sou excessivamente chato com comentários. Queria saber tudo o que falam à respeito da minha vida, das minhas idas e vindas, do meu corpo. Me toco o tempo todo. O copo esconde o que tenho de esnobe. Não sou tudo o que sobe. Sobre meu espírito está um egoísmo tamanho, uma atuação, uma barganha com o público, uma autuação pessoal.

Peço que me dilacerem com suas opiniões. Sou uma bomba ambulante, burlo as regras de isolamento, a misantropia comum. Minha solidão está dividida em suas vozes. Eu não me sinto só apenas no meu âmago, o meu núcleo é um mago em feitiçarias que vocês me fornecem.

Sou ator comedido, personagem comentado.

O tempo é deformável

Percebo que não consigo dedicar muito tempo aos diários. Percebo que o mal pode chegar até mim, que a suposta imortalidade que todo o jovem deseja (e que o velho também tem nostalgia) pode ser contrariada. "Péssimo Ator" não tem meu rosto, se identifica mais com meus restos, meus encostos.

Diário, o que me resta no armário do conhecimento? No armamento reserva do meu descontentamento? No sentimento sem ter todo momento tomado pelo consentimento? Dia e rio, por que correm sem se voltar?

O jornalismo basta e não me castra: sou uma aresta do parágrafo, um olho entre milhares de textos, uma pauta aberta, um aula sincera. E mesmo sendo assim, possuo alunos dispersos, pensamentos perversos. Sou vinte anos do século vinte e uns tantos. Vinte e um anos menos dois encantos, dezenove anos.

O jornalismo não me expressa claramente, mas a comunicação me faz coerente: não basta textos diretos. É preciso trabalhar os contornos, as sinuosidades das consoantes, tratar de temas dissonantes. Não basta viver uma profissão, é preciso viver uma missão existencial fragmentada em causas sociais, é preciso despertar admiração de terra seca, da Meca em Jerusalém, da encrenca.

É preciso encrencar com o discurso. Os dias e o curso confluentes. Congruentes.

Sarney novamente

A Sarna do Sarney reside em todo político que é pinico.

A arma que engatilhei está carregada, revolta e ataque de Pânico.

Um e Todos (Dentro e Fora)

Todos os textos possíveis vivem em mim, transbordam da minha pele, todos as interpretações estão ao alcance de uma caneta, também podendo desaparecer diane da borracha.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Habilidade

...é toda a verdade?

O que a quantidade...

...interessa diante da habilidade?

Escrever mais...

...para entender menos?

Escrever menos...

...para entender mais?

A ordem dos textos

A crítica dá formato ao bizarro código humano, o umbigo sem dono, o escrito sem significado concreto, reto como auto-estrada, oco como chapéu-coco de um Chaplin sorridente, sublime horizonte falso, do mar turvo.

A anarquia dos textos

A internet dá pretexto aos copiadores e recortadores de criatividade, mordedores dos patrícios acomodados, dos ativistas retardados.

Leitura dinâmica

Não é uma rapidez satânica,
São outras formas de autêntica
Militância.

Melancia é uma boa sobremesa.
Uma arte que se põe à mesa.

Leitura. Feitura da massa. Elite da desgraça. Incompreensão em estado de graça. Marxismo retórico. Pedido de leitura na íntegra.

Sarney

Sarney. Calei. Castrei. 1985. Safei. Pulei. Escapei. Evasivo. Incisivo. Dente incisivo. Inquilino governante. Diante de um quadro. Um esquadro matemático. Esquadrilha ditatorial. Quadrilha de ladrões. Academia. Das Letras. Leitores. Mal-feitores. Sua mãe fede horrores. Brasil. Brazil. Vazio.

sábado, 26 de abril de 2008

Louco (s) (a) (as)

Um dia vou fazer uma teoria sobre loucos.
E deixar todo mundo puto da vida, aos poucos.

Pra que ficar preso a uma definição?

domingo, 20 de abril de 2008

Fôlego

Tenho uma professora bastante especial, que analisa, de forma conceitual, tudo o que é escrito.
Ela já escritora, já foi pensadora de seu ideal, foi reflexo do seu olhar mais sincero e concreto.
Hoje ela diz que tudo o que produz é descartado, que a teoria suprime seu gosto criativo.

Eu, ao contrário, prefiro manter as produções, pretendo renascer a cada segundo, com várias dores, vários cortes profundos.

E ser o que eu sempre quis, ou, ao menos, se atirar pelo ar.

Até o pulmão estourar.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Revendo textos...

Bate um certo desespero em notar que algumas coisas não possuem sentido. Não possuem sentido agora. Leio de novo, volta um propósito, uma meta e me felicito de novo. Palavras são assombrosas, mas possuem em sua raiz tuberculosa um certo jornalismo: de acordo com as situação, são alterações substanciais que ocorrem.

Edição é um flecha das ficções. O que resta? Equações de figuras geométricas sem arestas. Círculos, meu caro. Coma seu próprio rabo.

sábado, 12 de abril de 2008

As cortinas abaixam e...

O sentimento é o reflexo do momento.

A razão é a fundamentação da razão.

A saudação é uma audição passageira, rimas podres e muita rasteira.

Palmas são almas. Almas a se tocar.

(Odeio essas rimas amor dor, mas, ah, nem tudo é tão intelectualmente consultado em dicionário, desnudado em seu léxico, desvendado em sua semiótica se o leitor é manco, gordo, cego e, de certa forma, burro.)

segunda-feira, 7 de abril de 2008

(Já foi pensado)

Todos os textos foram pensados. Os que são "inéditos" são releituras de algum que se perdeu no caminho.

Qualquer um pode entender que a cabeça humana é capaz de fazer os mesmos códigos que ela mesma criou.

Já deu tempo pra isso acontecer.

Pelado

Um dia parti de casa sem meu relógio. Puxava o pulso e não sabia o estágio, não sabia qual trabalho, não via meu tênis, não mexia no cabelo, não estendia as mãos em um desejo. Não via letras, não lia textos, nem linha de contextos e nem ensejos de gente honesta.

Esse dia sem pulseira, sem horário nem canseira, vi passar o tempo sentindo frio. A vertigem era a pele de duas cores, pois o relógio sempre cobriu meu braço e o deixou mais claro após as queimaduras de sol. Fiquei querendo aqueles ponteiros que me infernizam, como um porteiro das mensagens e o matemático que só se vira com calculadora.

Meu frágil corpo estava sem noção. Era a comoção silenciosa do esquecimento, a nudez pomposa do desorientado. Estava nu sem aquele relógio. Era um dia cru sem nenhum cronômetro de cozimento, de movimento da vida. Corria sem ver a pista.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Sobre hipocrisia, novamente

Texto original de 01/03/08

É, no final das contas, gosto de hipocrisia. Hipócrita seria eu afirmar que odeio isso, achar que isso só causa confusão. Achar que gosto sempre envolve nossas ações. Eu acredito, e tenho quase certeza, que muita gente só lembra das coisas por alguma chamada minha, que não ligam tanto para meus valores. Mas eu fico feliz quando me dão atenção. Não só feliz por purpurina, por número qualquer tipo de bajulação. Feliz pela atitude, simplesmente. Acho que conclui, nesses anos todos, que não peço autenticidade sempre e que, acima de tudo, sou gentil com carinhos, sejam de qual origem forem.

Claro que as comemorações feitas de forma autêntica, com vontade de aproximação, são quase sempre inesquecíveis. Mesmo que a pessoa me esqueça ali, em alguns anos, está marcado que ela me fez bem, independente dos males que vieram após.

Machado de Assis estava certo em dizer que a última impressão é a que fica, mas o leitor estava inteiramente equivocado em achar que as impressões iniciais não fazem diferença.

Qualquer demonstração de carinho, qualquer ação é observada por mim. E a observação é a chave, pelo menos atualmente, para eu entender porque sou tão insatisfeito em determinadas horas.

Satisfação nunca foi a base de tudo. Lucidez, sim.

Uma possível Teoria da Comunicação

Muito se fala do fim das literaturas, da valorização das imagens, nas mensagens sem compreensão, no acumulo informacional e na falta de comunicação humana. Muito se fala sobre o tudo que cega, o tudo que desintegra, que oscila e não modula, que cria caos e não desordena.

Nisso, insiro as narrativas de blogs como diários que podem virar livros. Nisso, relembro que as pessoas, quando tiveram acesso aos livros, desenvolveram criatividades, sonhos e realidades. Embaladas por escritores, elas desenvolveram seus atores pessoais.

É pretensão dizer isso? Acho que não. Acho que seria como subestimar a esquizofrinia humana enquanto ela registra seus escritos - parte fica viva no papel e morta no corpo, parte permanece viva no corpo e morta na escrita.

Agora faremos isso com monitores de computador, com luzes que nos cegam, com vidros repletos de dados digitais. Faremos isso com outro olho, o eletrônico, escrevendo sobre nós.

Sobre hipocrisia

Dia primeiro, dia derradeiro como todo o herdeiro dos demais. Abril que canta mentiras, crença popular de retina dos olhos que insistem em não ver.

Dia da mentira é excelente para procurar as feridas das cicatrizes perdidas. Rir da hipocrisia, respeitar o cinismo em comum de muitos seres humanos.

No final, eu gosto de falsidade. Quem não gosta, não prova, não sobrevive e sequer assiste o espetáculo dos dramas terminais que são sempre anormais, insanos.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Vida escolar

Alguns estudam e notam uma realidade que não esperam. Alguns estudam e se fecham em uma crosta, em um canto sem alma, em frios hábitos, com lábios frios e parede umedecida. Alguns estudam e se entusiasmam demais, falam demais, sorriem demais, são a demasia, sem negação e nem introversão. Alguns não estudam. Alguns jamais estudaram.

A escola de uns é uma etapa. E a etapa de outros é a escola de muitos.

Pesquisador e teclador

Sala iluminada por persiana. Sorrisos à paisana, abro meu notebook, empunho meus livros, pego alguns marca-textos, alguns marca-trechos, apetrechos, algo por ai.

Ar condicionado imperceptível. Eu nem sei se há esse tipo de refrigeração. O clima é morno, a disposição é audaciosa. Esqueço até de almoçar.

A pequena saleta do Centro Interdisciplinar de Pesquisa parece inerente ao resto do complexo de ensino superior. Não é. Não é o tamanho dos cômodos que define sua importância. É como julgar a carteira de alguém pelo tamanho: notas de cem reais, que não vejo há tempos, são dobráveis e perfeitamente maleáveis em pequenos bolsos.

Passo quatro horas seguidas pesquisando. As mensagens da internet deveriam me dispersar, também eu deveria estar com vontade de me desfocar. O anseio por conhecimento é maior e o texto continua a ser concebido. São concepções seguidas, transições de pensamentos, alegria e desejo.

Estava batendo as teclas como um pianista em improvisação. As cordas vibram como os dados de teoremas corridos. Era meu templo e meu trabalho, tempo de arado, plantação de ideais. Reais intenções de gestão de um futuro, talvez.

(Fiz isso ontem, na Cásper Líbero)

terça-feira, 25 de março de 2008

Literatura de leituras

Quando um autor não consegue produzir num dia, ou ele está ocupado em pedaços de papel ou blogs que desviam sua atenção da constituição da obra, ele está com a janela aberta, com o vidro ardente em sol poente, desnudo pós-banho, consideravelmente perturbador para os outros, pelado diante da sua própria condição de ser.

Olhar outro e ter o conhecer. Olhar. Ver e rever.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Mal-comido/desconfiado

Em tudo o que as pessoas não falam eu acho que há um comentário maldoso direcionado para mim, por trás.

Ou, pelo menos, algumas mensagens apagadas me dão muito essa impressão.

(Odeio ficar elaborando textos onde não existe)

domingo, 23 de março de 2008

O Verme

Escutem Creep da banda de rock inglesa Radiohead sem pensar que a música é para te deprimir ou para colocar seus problemas pessoais no centro de tudo.

Há espetáculos melancólicos que não só nos cativam pelos aspectos em comum, mas pelas sutilezas. A canção de 4 minutos do grupo me cativa por dizer, de maneira DIRETA o que é o sadomasoquismo e a profunda reflexão humana.

Doer e doer. O Radiohead faz isso sem hesitar.

Veja a dor. Você, como ouvinte, veja o ser.

(E por essas e por outras que eu não sou ouvinte de música só pela emoção, é pouca ação.
E nem gosto de fazer arte só pra dizer o que sinto, mas também para englobar tudo o que entendo.
Tudo o que eu posso e tento, tudo o que é sentimento, senso.)

(o que não é dito nem escrito)

Quando fico com cara de cu, na frente do computador, sem saber o que colocar no escrito.
Quando eu ficava, na infância, sem dormir e inconformado por não ter uma história para o livrinho.

Quando eu atraso trabalhos.
Quando eu escrevo e não digo nada.

Há um texto.

Há um texto para tudo o que não foi escrito.
Há textos e textos de autores que dizem além do rabiscado.

Textos, cores e odores para os horrores da expressão.
Que pode ser um prazer, às vezes, ou um eterno refazer.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Política em celebridades peladas

Realidade Sócio-Econômica e Política Brasileira. Realidade Sexual-Enrabada e Putaria à Brasileirinha. Peitos caídos da Deborah Bloch no filme Patriamada em sincronia com os comentários do professor Cláudio (Arantes) da Cásper. Bloch dando pra um velhinho de 50 anos. O velho tem problemas cardíacos.

Aula produtiva. Perversidade em cima. Marisa Ortiz dando pro empregado na redação, em outro filme político chamado Doces Poderes.

Jornalistas putas. Putas jornalísticas. Tudo isso com muito didatismo e um golpe moral com imagens toscas.

Tá achando que na faculdade só aprendemos que nem uns idiotas? Depende muito, rapaz.

sábado, 15 de março de 2008

Jornalismo #3

"Toda escrita é um ato anti-social, pois o escritor é um homem que só pode falar livremente quando está sozinho; para ser ele mesmo, precisa trancar-se, para se comunicar, precisa cortar toda a comunicação, e nisso há sempre alguma coisa meio maluca. Muitos escritores abominam, acima de todos os sons, o do fechamento da porta que os isola na privacidade. Williams, ao contrário, o saúda: o som desfaz a névoa de incerteza através do qual ele normalmente conversa, e libera pra seu prazer as criaturas que povoam sua imaginação - mulheres desesperadas, homens que abrigam segredos perturbadores, intocáveis, que ele toca com franqueza e misericórdia, as bonecas de trapo abandonadas pela sociedade."


A Vida Como Performance, de Kenneth Tynan. Perfil sobre Tennessee Williams, dramaturgo da década de 50 do século XX.

Isso é o que chamo de jornalismo universal: possui um período que morre, que deixa de existir, um prazo de validade, mas suas mensagens ecoam como literatura, como conceito, como filosofia.

Concordando você ou não.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Mulher em demasia.

"Por Paulo Cezar Guimarães • 14/03/2008
E tudo começou com o padre José de Anchieta escrevendo "Poema à Virgem" nas areias de uma praia e memorizando os versos para passar mais tarde para o papel. Muitos dizem que ali nasceu a
poesia brasileira. Hoje,cinco séculos depois, em 14 de março, é comemorado o Dia Nacional da Poesia. A data foi escolhida em homenagem ao poeta baiano Castro Alves (1847-1871), que um dia escreveu "Eu sinto em mim o borbulhar de um gênio". Anos depois, Castro Alves virou nome da praça em Salvador e foi homenageado por Caetano Veloso na música "Um frevo novo", que dizia que "a Praça Castro Alves é do povo, como o céu é do avião"."


Fonte: http://msn.bolsademulher.com/estilo/materia/magia_das_palavras/15426/1

Aproveitando a ocasião, falo da minha namorada Larissa (Ly), que fez aniversário dois dias atrás.


É a poesia do próximo,
A elegia do exótico,
O sentimento maleável,
A fidelidade afável.

É a mulher que me abraça,
Que me comove, que sempre escapa,
Um ser humano em palavras,
De inteligência em cataratas.

Querer poesia
E mulher, em demasia.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Habilidade de Senso = Sensibilidade

Hoje uma menina mudou de turnos na faculdade - passou da manhã para a noite e despertou, obviamente, a atenção de todos os seus amigos e pessoas que simpatizavam com sua presença.

Fiquei feliz porque ela estava mudando de sala por causa de um emprego com mais salário. No entanto, alguns choraram. Desabaram em sentimentos mais primários de carência.

Muita gente ficou comovida com a cena, muita gente achou aquilo exagero, eu achei que era simplesmente a demonstração mais primária de carinho. Resolvi, então, consolar as pessoas.

Sabia, acho, que meu sorriso valia tanto quanto aquela lágrima. Estávamos sendo sinceros.

Sentindo o outro. Era o senso e a articulação, a sensibilidade (...).

segunda-feira, 3 de março de 2008

Duas coisas

Para cada pergunta feita, surge respostas dependendo do terreno que se pisa. Milhares de perguntas impedem clareza de respostas.

E.

O problema dos homens não é o amor, mas o que fazem dele.

Não preciso de motivos para dizer essas declarações e reflexões minhas.

sábado, 1 de março de 2008

Kurtz

Terminei de ler, anteontem, um livro chamado Heart of Darkness (em português: Coração das Trevas), escrito pelo polonês naturalizado na Inglaterra, Joseph Conrad.

No livro, é retratada a jornada do herói Marlow até o encontro do colonizador Kurtz, no Congo, na época do neo-imperialismo britânico na África. Nessa busca, Kurtz se torna uma obsessão e a personificação da pessoa que é afetada pelo local que explora.

Kurtz é o coração das trevas, o escuro com luz pálida, o homem que se conhece.

E é horroroso, terrível, inimaginável, incoerente, familiar e íntimo de todos nós.

Gostando ou não de Conrad, o retrado é digno de postagem, comentário de jovem de 19 anos (...).

(O livro inspirou o clássico do cinema Apocalipse Now de Francis Ford Coppola)

A Avenida...

A Paulista (a Avenida) está sofrendo obras.

Mudando pisos, asfaltos.

Minha vida se resume aos risos.

Desesperados.

Não deprimentes, não carentes.

Desesperados. Não dramáticos, de meter medo.

A rua sofre reformas.

Eu sofro revoltas.

(Isso acontece hoje, dia 01/03/2008 nesse local)

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Jornalismo #2

Escreveu, sabiamente, Raymond Williams, teórico da comunicação, em 1973:

"o especialista em comunicação se materializa em múltiplas especialidades distintas. Ele é um tipo de sociólogo, preocupado com as instituições e seus efeitos. Ele é um tipo de engenheiro, preocupado com as tecnologias e com os sistemas que é necessário planejar, entender e controlar Ele é um tipo de crítico da cultura, preocupado com significados e valores de produtos culturais (artefatos) particulares e classes de produtos culturais, desde poemas e pinturas até filmes e jornais, até prédios e moda. Ele é um tipo de psicólogo, preocupado com as unidades básicas e os padrões de interação comunicativa face a face ou no uso diferenciado de máquinas. Ou, ainda, ele é um tipo de lingüista ou filósofo da linguagem, preocupado com as formas básicas e estruturas dos atos de expressão e comunicação"

--

Só complementaria dizendo que, no jornalismo brasileiro, a gente tem que chupar cana, ouvir asneira do tipo "jornalista sabe só um pouco de tudo, não domina nada", tem que fazer o jogo hipócrita do mercado, o jogo hipócrita do idealismo e é obrigado a assumir seus erros mais do que os outros, exceto quando você tem uma enorme companhia te dando retaguarda, enquanto ela estrala o chicote nas suas costas.

Dá vontade de mudar isso tudo e nós vamos, se depender de mim. Mas não vou discursar muito (...)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Berço Esplêndido

Subi na Avenida Paulista às 7:02, saindo da estação metroviária Brigadeiro. Andando para a direita da saída próxima aos bancos, poderia chegar ao hospital onde nasci. Marchei à esquerda, rumo à Faculdade Cásper Líbero, ao meu curso rotineiro de Comunicação Social, especialidade em Jornalismo.

Sou Pedro. Tenho nome rochoso, de superfície áspera, seca, que ralada fica árida. Paulistano, paulistano de ter nascido no Hospital Santa Catarina, que não tem nada a ver com uma certa unidade da federação que é sulista, mas que se localiza na avenida que é uma coqueluche na memória de qualquer habitante desse lugar, uma avenida que revela alguns terços de nossa personalidade. Tal como essa avenida, tenho dificuldade de ler Guimarães Rosa. Por mais que digam que regionalismo mineiro, ou nordestino, ou qualquer outro, tenha sido fundamental para a formação de nosso caráter, não adianta, minha cabeça funciona feito caleidoscópio, feito mestiço que ninguém deseja ser. Ao invés de abraçar uma etnia, a minha personalidade fica meio desfigurada, meio sem expressão. Pinça algumas coisas que acredita serem fundamentais, mas não mergulha de cara em nada.

Pedro. Zambarda de Araújo. Zambarda do italiano, de Trento. Sonoridade bizarra, cansada, largada. Zambarda soa muito largado. Zambarda é zoado. Sisudo, exausto. Araújo é comum, tem traço e brasilidade claros. Comum demais para alguns, até pra mim. Vem da araúja, trepadeira com flores. Nome de planta é bonito de explicar. Bonito pois, depois de denominar, pode ser usado para comparações. É como nomes de santos ou nomes estúpidos. Você pode perder muito tempo divagando neles. Mas ainda não acho os meus tão bobos assim, embora reflitam história de meus antecessores.

Fiz 19 anos de idade hoje. Estava no meu berço, na minha faculdade, no meu hospital. Estava num possível livro que posso publicar. Estou num futuro incerto, num carinho discreto. Fiquei caminhando na "mais paulistana das avenidas paulistanas" porque tinha ocupações. Mas mergulho nesse centro, nesse meio, pois sou um dos poucos estrangeiros nativos, um dos poucos estranhos do ninho, não estou simplesmente metido nesse nicho.

Estou no berço esplêndido, mas sem dormir, como na oração cândida. Estou no útero materno, nos conselhos paternos, numa felicidade do fraterno.

Sou de um tempo conturbado, de impasse, como se o vento dispersasse. Sou de outros tempos, sou de algo fora da história, de algo que recria memória. Sou pedra, rocha que rola, som da guitarra que rosna. Sou cravo e carta. Escravo da minha arma, a liberdade.

Escrito com fragmentos de outros textos meus, não publicados, além de fatos do dia de hoje.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Reclamamos

Da falsidade, da verdade exagerada,
Do jeito como as coisas seguem uma vanguarda,
Uma caminhada incerta, vozes concretas.

Reclamamos, bradamos
Contra o ocorrido, andamos
Sem querer marcar passos,
Somos ramos que renegam
O caule, despedaçam o elmo,
Dispersam o correto.

Reclamo de muitas coisas,
Reclamo das vistas
Que não boto em mim.

Reclamo das visitas
Que não faço dentro de mim.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Jornalismo #1

Fiz uma crônica sobre o jornalismo ano passado, em meados do 2º semestre.

Desde aquela época, não vejo a profissão como um ideal para salvar o mundo e domar as bactérias que o Yakult reduz. Acho que jornalismo tá muito longe de um ideal: é uma configuração e uma prática.

É um tipo de filosofia. Existem jornalistas que não se envolvem, de modo algum, com jornalismo (...).

O fato de eu me sentir um incômodo

Não quer dizer que eu fico cômodo nessa posição, sem dúvida alguma, antagônica.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Cheiro, vergonha e receio

17:47, aproximadamente. Um homem negro, de 1,73 de altura, descalço e cheirando pinga entra no vagão de metrô paulistano onde eu me encontrava, voltando para casa do curso de francês. Não estava bêbado. Era analfabeto, ou parcialmente analfabeto: lia placas com dificuldade, sussurrava sobre os símbolos delas.

Afastava as pessoas.

Não questiono os motivos que o levaram a beber. Não questiono sua pobreza. Marxistas me crucificariam, a justiça humana também. A ética seria paradoxal. Não estou aqui para falar de classes sociais. Não é a classe que questiono.

É a falsidade.

Ele percebeu que seu cheiro causava repúdio e forçou conversa e contato. Não comigo, mas com os outros. Não são regras de educação que ele ignorou, mas instintos.

Esse rapaz fez o que muitos fazem: forçar a barra. Há certas regras de polidez que você não aprende na escola, não aprende pensando, não aprende aprendendo: são deduções. Vi, naquele rapaz consumido pelo álcool e pelos sorrisos de vergonha, meus atos forçados.

E ele tinha, no bolso, dois cigarros e, aproximadamente, 17 reais.

Desceu na Luz. Disse que ia para a Bela Vista. Não sei o que pensaram dele (...).

Eram 18:12, acho eu.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Eu acredito no desacreditar

Acredito que a lógica gira e gira, rodopia em uma tortura plena.

Acredito que as armas de Aragorn, Legolas e Gmili, na obra Senhor dos Anéis, têm um significado freudiano, da tara do autor, e pode ser adaptada em outras épocas.

Acredito que as balas dos documentários sobre a violência no Rio de Janeiro não duram o compartimento do pente. Sempre aumentam o número de balas. Sangue é sexy.

Acredito que a paixão está morta. Mas é a morta mais aproveitável. Não há românticos, mas ufanistas românticos.

Acredito em amores estúpidos. Acredito em amores inteligentes. E toda a inteligência é burra, por tradição. Toda a burrice tem algum sentido e todo o sentido tem alguma burrice.

Parece inteligente momentâneamente. Só uma fatia do bolo, do espaguetti, da vida.

Acabo de espatifar a razão de alguém

E ela está puta. Mas em algum momento ela vai virar e dizer que eu tenho meu próprio ponto de vista, ou vai me convencer que eu devo acreditar na dela.

E eu acredito, piamente, que o raciocínio e a lógica não são eternos.

Mas eles vivem morrendo, pra contradizer os críticos da paixão.

Sem qualquer perdão.

Acabo de espatifar o coração de alguém

Outra hora o coração da pessoa se recompõe e ela volta a falar comigo.

Não é que relacionamentos sejam "reatáveis".
Eu simplesmente acredito que eles nunca terminam.

Eu vivo quebrado, por exemplo.

E não, isso não é ruim. Não necessariamente.

Riso feito choro (e vice-versa)

Anteontem tive um ataque epilético, ou algo menor, algo menos estético.

Algo menos diabético. Sem necessidade de médico.

Mais uma vez eu decepcionei quem estava perto de mim, assim como me decepcionaram. Nessas horas, eu revolto todos justamente por não querer me vingar, ou não querer me conformar.

Acho que estou atingindo um estágio pior do que a mediocridade. Medíocres passam, apáticos ou não, pelas pessoas, sem revelar dons nem defeitos, sem desvendar nenhum segredo. Eu cheguei num ponto do muro, exatamente no meio, no zero, no recheio, no rodeio sem cavalos, tourada sem touros. Sou um mouro, um asiático, um asmático na multidão. Não se trata de ser mais um ou não, é de não respirar. Não tem nada pior do que não respirar metafóricamente.

É a pior das dores: a que não machuca. É o pior dos desesperos: o consciente.

A pior das ignorâncias, a pior das petulâncias: é minha por eu querer ser.

É minha por eu querer ter. Não é por ser sofredor, mas criador de monstros, antros, dores.

Brigar com a namorada é de menos. Fazer show em público é o de menos. Se sentir patético no dia-a-dia é o de menos. Reprimir por ser reprimido é o de menos. Procurar a desconstrução da lógica é uma tortura. A ótica é uma ternura. Lucidez traz pânico.

E chorei, nos braços dela, "delas" e até deles. Era um choro feito riso. E vice-versa.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Ter um ídolo sem deformar a identidade

Ouço Ozzy Osbourne cantar uma versão de In My Life, dos Beatles. Todos estão carecas de saber que sua musicalidade e sua inspiração durante a carreira vêm dessa outra banda.

Coisa tipicamente britânica. Coisa tipicamente romântica.

Os óculos redondos do "Madman" não escondem sua admiração.

John Michael, Ozzy, parece muito com John Lennon.

Diferentes homens de ação.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Queria ter mais coordenação...

...pra encaixar as pontas dos dedos com perfeição entre os trastes do violão.
Para fazer as coisas sem precisar de um sermão,
Ter uma mão de quem tem um dom.

Malditos sejam os dons que ficam só nas idéias. Falam muito mal de você por trás.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Registro: Nostalgia e Saudade

Registro, de meados de outubro de 2007, de uma frase do professor de História Contemporânea I na Faculdade Cásper Líbero, José Augusto Dias:

"A nostalgia não é uma coisa boa. Ela traz o sentimento de querer viver no passado, viver coisas que são impossíveis no presente. Saudade se mata, saudade, como a palavra diz, podemos saudar, dar uma continuidade".

Lembrança construida, claro, com criatividade mental. Nem ferrando eu iria lembrar, palavra por palavra, o que ele exatamente disse. Mas, de qualquer maneira, está demarcado.

Olhos opacos

Quanto minto, quando mentem pra mim, quando nos contrariamos, os olhos parecem esvaziar, parecem flutuar sem focar, sem validar nada.

Ficam suspensos como líquido, ficam leves, levianos e raros como ácidos.

Esse estado decomposto fica consistente até alguém fazer uma piada, até alguém relevar o ponto. As relações e a rotina voltam a se solidificar.

Queria eu, embora eu saiba que não é sempre verdade, tentar deixar as coisas mais como um ficar sempre junto. Como a rocha entre os juncos, o corpo nos olhos úmidos, de choro e de conforto.

Indas e vindas

Sentindo o cheiro poluído diluído entre as árvores da Zona Norte paulistana, minha primeira morada, amada terra e símbolo.

Transito, hoje em dia, entre Paranapanema e SP. Já fiz a mesma ponte estendida até a baixada santista. São propriedades de meus pais, rituais familiares que às vezes me entediam.

Mas, no fundo, são boas essas viagens. Às vezes eu queria inverter alguns idas em vindas, em algumas vindas em idas. Não sei direito quando partir, prefiro juntar.

Gostaria não só de levar bagagens para as minhas viagens, mas pessoas, inclusive seus espíritos. Gostaria de poder compartimentar sensações. Mas, digamos que a graça da coisa é eu, de certa forma, trafegar contrariado.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Cobra sem cabeça

Era filhote, rastejava pela manhã, aproximadamente às oito horas, em busca de comida. Estava recolhida e camuflada, aproveitadora de mato alto em Paranapanema.

Foi morta com pancadas de enxada do meu pai, com a guilhotina cega da gravidade universal. Sua cabeça rolou e ela esguichou sangue e moveu suas presas. Estava demarcando seu território num local onde sua espécie não comparece.

Dizem que ela foi parar na minha casa pelas mudanças de tempo, caçadora sem medo.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

O sol de Paranapanema

É limpo. O ar é limpo demais. Meu cabelo fica mais seco e mais crespo aqui do que em outros lugares. Meus horários são dúbios, minha noção fica absurda, mas as reflexões se transformam em algo maduro.

O sol é limpo. Eu que não sou. Mas não sou pura sujeira. Sou bastante das minhas besteiras. Viajo pra cá metade por causa de meus pais, metade por causa do sol, metade sem motivo.

O sol é limpo. O sol do violão está desafinado. O solista está me deixando entediado.

O concerto é desconcentrado, dissimulado. Assim é a vida.

Tanto em Paranapanema, quanto em São Paulo. O que varia é a nota, a afinação, afinidade.

Canção para mulheres casadas

"What will you do when you get lonely
and nobody´s waiting by your side?
You've been running and hiding much too long
You know it's just your foolish pride

Layla.
You've got me on my knees, Layla.
Begging darling please, Layla.
Darling, won't you ease my worried mind?

Tried to give you consolation.
When your old man, he let you down.
Like a fool, I fell in love with you.
You turned my whole world upside down."


Layla, Eric Clapton.

--

Música que ele compôs para a mulher de George Harrison, Pattie Boyd, em meados de 1970, quando ela ainda era casada com o beatle.

Embora seja uma música típica de traição, ouço desde meus 9 anos de idade. Conheci num CD Umplugged do Clapton, que tá escondido em algum lugar, por aqui.

Acho os solos de guitarra de Eric bem sinceros.

Eles falam.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Experiências bloguísticas

Antes do blog, eu utilizava fotolog para registrar imagens. Apesar de tirar fotos divertidas para as postagens, eu caprichava nos comentários e descrições. Sempre amei mais o texto, sem afirmar que a imagem seja desprezível ou inútil. Cada um cumpria seu papel nesses diários eletrônicos, mais versáteis para mim do que os de papel, que carregam minha letra garranchada e mal-acabada, quadrada e quase geométrica.

Em meados de 2005, março, pelo que estou revendo por aqui, criei um blog com o título de "Livro do Morto". Não sou gótico, depressivo e nem negativista. Bipolar sim. O nome tinha um significado que nada se liga em "morte física", mas sim a morte das coisas que criamos: toda vez que escrevo nesse novo blog, agora com outro nome, ele também está perdendo sua validade, lentamente.

Mas resolvi mudar meu conceito de abordagem. Fiz uma poesia belíssima com o nome de Livro do Morto, mas decidi batizar o meu terceiro espaço do blogger na internet com outro nome, mais adequado ao meu ser, julgo eu.

Atores são, de fato, uma comunicação mais atraente do que livros, que são tidos como monótonos, assim como esse texto de retrospectiva.

Blog antigo: aqui.

Vista do pôr-do-sol

...meu quadriciclo sem gasolina e eu suado empurrando para chegar em casa.

Paranapanema, entre 19:30 e 20 horas.

Estou comendo ameixas.

São carnudas, doces, agarráveis, dá pra brincar na mastigação. Ameixas têm uma seiva que percorre sem fazer muitos fluídos.

Degusto como se fosse um conhecimento para absorver. Consumo porque preciso emagrecer.

Comer frutas faz bem para uma pessoa sedentária, creio, humildemente.

Um dia, fiz uma poesia assim...

As luzes não mostram os berros
Daqueles que esperam
E não sentem os laços.

Nisso eu poso como ilusão
E iludido, como peça-nação
De um povo pobre
Com vislumbres do nobre.

Nisso eu cerco o ninho
E canto o hino
Fervendo espírito, cozinhando o braço
E a mão, que traziam o abraço.

Eu espanto carinhos
Com uma apresentação incrível
Querendo só assustar, esses mimos
Que eu não queria, terrível.

O mero toque já me espanta
Enquanto o que me encanta
É a minha própria pobreza
E a proeza
De me manter nessa forca.

--

Acho que estava falando do meu próprio palco pessoal, sem saber.

Original da poesia: AQUI