quinta-feira, 27 de março de 2008

Vida escolar

Alguns estudam e notam uma realidade que não esperam. Alguns estudam e se fecham em uma crosta, em um canto sem alma, em frios hábitos, com lábios frios e parede umedecida. Alguns estudam e se entusiasmam demais, falam demais, sorriem demais, são a demasia, sem negação e nem introversão. Alguns não estudam. Alguns jamais estudaram.

A escola de uns é uma etapa. E a etapa de outros é a escola de muitos.

Pesquisador e teclador

Sala iluminada por persiana. Sorrisos à paisana, abro meu notebook, empunho meus livros, pego alguns marca-textos, alguns marca-trechos, apetrechos, algo por ai.

Ar condicionado imperceptível. Eu nem sei se há esse tipo de refrigeração. O clima é morno, a disposição é audaciosa. Esqueço até de almoçar.

A pequena saleta do Centro Interdisciplinar de Pesquisa parece inerente ao resto do complexo de ensino superior. Não é. Não é o tamanho dos cômodos que define sua importância. É como julgar a carteira de alguém pelo tamanho: notas de cem reais, que não vejo há tempos, são dobráveis e perfeitamente maleáveis em pequenos bolsos.

Passo quatro horas seguidas pesquisando. As mensagens da internet deveriam me dispersar, também eu deveria estar com vontade de me desfocar. O anseio por conhecimento é maior e o texto continua a ser concebido. São concepções seguidas, transições de pensamentos, alegria e desejo.

Estava batendo as teclas como um pianista em improvisação. As cordas vibram como os dados de teoremas corridos. Era meu templo e meu trabalho, tempo de arado, plantação de ideais. Reais intenções de gestão de um futuro, talvez.

(Fiz isso ontem, na Cásper Líbero)

terça-feira, 25 de março de 2008

Literatura de leituras

Quando um autor não consegue produzir num dia, ou ele está ocupado em pedaços de papel ou blogs que desviam sua atenção da constituição da obra, ele está com a janela aberta, com o vidro ardente em sol poente, desnudo pós-banho, consideravelmente perturbador para os outros, pelado diante da sua própria condição de ser.

Olhar outro e ter o conhecer. Olhar. Ver e rever.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Mal-comido/desconfiado

Em tudo o que as pessoas não falam eu acho que há um comentário maldoso direcionado para mim, por trás.

Ou, pelo menos, algumas mensagens apagadas me dão muito essa impressão.

(Odeio ficar elaborando textos onde não existe)

domingo, 23 de março de 2008

O Verme

Escutem Creep da banda de rock inglesa Radiohead sem pensar que a música é para te deprimir ou para colocar seus problemas pessoais no centro de tudo.

Há espetáculos melancólicos que não só nos cativam pelos aspectos em comum, mas pelas sutilezas. A canção de 4 minutos do grupo me cativa por dizer, de maneira DIRETA o que é o sadomasoquismo e a profunda reflexão humana.

Doer e doer. O Radiohead faz isso sem hesitar.

Veja a dor. Você, como ouvinte, veja o ser.

(E por essas e por outras que eu não sou ouvinte de música só pela emoção, é pouca ação.
E nem gosto de fazer arte só pra dizer o que sinto, mas também para englobar tudo o que entendo.
Tudo o que eu posso e tento, tudo o que é sentimento, senso.)

(o que não é dito nem escrito)

Quando fico com cara de cu, na frente do computador, sem saber o que colocar no escrito.
Quando eu ficava, na infância, sem dormir e inconformado por não ter uma história para o livrinho.

Quando eu atraso trabalhos.
Quando eu escrevo e não digo nada.

Há um texto.

Há um texto para tudo o que não foi escrito.
Há textos e textos de autores que dizem além do rabiscado.

Textos, cores e odores para os horrores da expressão.
Que pode ser um prazer, às vezes, ou um eterno refazer.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Política em celebridades peladas

Realidade Sócio-Econômica e Política Brasileira. Realidade Sexual-Enrabada e Putaria à Brasileirinha. Peitos caídos da Deborah Bloch no filme Patriamada em sincronia com os comentários do professor Cláudio (Arantes) da Cásper. Bloch dando pra um velhinho de 50 anos. O velho tem problemas cardíacos.

Aula produtiva. Perversidade em cima. Marisa Ortiz dando pro empregado na redação, em outro filme político chamado Doces Poderes.

Jornalistas putas. Putas jornalísticas. Tudo isso com muito didatismo e um golpe moral com imagens toscas.

Tá achando que na faculdade só aprendemos que nem uns idiotas? Depende muito, rapaz.

sábado, 15 de março de 2008

Jornalismo #3

"Toda escrita é um ato anti-social, pois o escritor é um homem que só pode falar livremente quando está sozinho; para ser ele mesmo, precisa trancar-se, para se comunicar, precisa cortar toda a comunicação, e nisso há sempre alguma coisa meio maluca. Muitos escritores abominam, acima de todos os sons, o do fechamento da porta que os isola na privacidade. Williams, ao contrário, o saúda: o som desfaz a névoa de incerteza através do qual ele normalmente conversa, e libera pra seu prazer as criaturas que povoam sua imaginação - mulheres desesperadas, homens que abrigam segredos perturbadores, intocáveis, que ele toca com franqueza e misericórdia, as bonecas de trapo abandonadas pela sociedade."


A Vida Como Performance, de Kenneth Tynan. Perfil sobre Tennessee Williams, dramaturgo da década de 50 do século XX.

Isso é o que chamo de jornalismo universal: possui um período que morre, que deixa de existir, um prazo de validade, mas suas mensagens ecoam como literatura, como conceito, como filosofia.

Concordando você ou não.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Mulher em demasia.

"Por Paulo Cezar Guimarães • 14/03/2008
E tudo começou com o padre José de Anchieta escrevendo "Poema à Virgem" nas areias de uma praia e memorizando os versos para passar mais tarde para o papel. Muitos dizem que ali nasceu a
poesia brasileira. Hoje,cinco séculos depois, em 14 de março, é comemorado o Dia Nacional da Poesia. A data foi escolhida em homenagem ao poeta baiano Castro Alves (1847-1871), que um dia escreveu "Eu sinto em mim o borbulhar de um gênio". Anos depois, Castro Alves virou nome da praça em Salvador e foi homenageado por Caetano Veloso na música "Um frevo novo", que dizia que "a Praça Castro Alves é do povo, como o céu é do avião"."


Fonte: http://msn.bolsademulher.com/estilo/materia/magia_das_palavras/15426/1

Aproveitando a ocasião, falo da minha namorada Larissa (Ly), que fez aniversário dois dias atrás.


É a poesia do próximo,
A elegia do exótico,
O sentimento maleável,
A fidelidade afável.

É a mulher que me abraça,
Que me comove, que sempre escapa,
Um ser humano em palavras,
De inteligência em cataratas.

Querer poesia
E mulher, em demasia.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Habilidade de Senso = Sensibilidade

Hoje uma menina mudou de turnos na faculdade - passou da manhã para a noite e despertou, obviamente, a atenção de todos os seus amigos e pessoas que simpatizavam com sua presença.

Fiquei feliz porque ela estava mudando de sala por causa de um emprego com mais salário. No entanto, alguns choraram. Desabaram em sentimentos mais primários de carência.

Muita gente ficou comovida com a cena, muita gente achou aquilo exagero, eu achei que era simplesmente a demonstração mais primária de carinho. Resolvi, então, consolar as pessoas.

Sabia, acho, que meu sorriso valia tanto quanto aquela lágrima. Estávamos sendo sinceros.

Sentindo o outro. Era o senso e a articulação, a sensibilidade (...).

segunda-feira, 3 de março de 2008

Duas coisas

Para cada pergunta feita, surge respostas dependendo do terreno que se pisa. Milhares de perguntas impedem clareza de respostas.

E.

O problema dos homens não é o amor, mas o que fazem dele.

Não preciso de motivos para dizer essas declarações e reflexões minhas.

sábado, 1 de março de 2008

Kurtz

Terminei de ler, anteontem, um livro chamado Heart of Darkness (em português: Coração das Trevas), escrito pelo polonês naturalizado na Inglaterra, Joseph Conrad.

No livro, é retratada a jornada do herói Marlow até o encontro do colonizador Kurtz, no Congo, na época do neo-imperialismo britânico na África. Nessa busca, Kurtz se torna uma obsessão e a personificação da pessoa que é afetada pelo local que explora.

Kurtz é o coração das trevas, o escuro com luz pálida, o homem que se conhece.

E é horroroso, terrível, inimaginável, incoerente, familiar e íntimo de todos nós.

Gostando ou não de Conrad, o retrado é digno de postagem, comentário de jovem de 19 anos (...).

(O livro inspirou o clássico do cinema Apocalipse Now de Francis Ford Coppola)

A Avenida...

A Paulista (a Avenida) está sofrendo obras.

Mudando pisos, asfaltos.

Minha vida se resume aos risos.

Desesperados.

Não deprimentes, não carentes.

Desesperados. Não dramáticos, de meter medo.

A rua sofre reformas.

Eu sofro revoltas.

(Isso acontece hoje, dia 01/03/2008 nesse local)