quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Aprender a dormir

Nesses dias aprendi a desligar o computador de noite.

Apagava durante o dia. Pifava. Dormia sem motivo algum. Vivia cansado, embora fosse eficiente em empreitadas virtuais. Recomendaram-me: Desligue as máquinas. E eu aprendi a esvaziar a mente.

E eu aprendi a esvaziar os problemas, ao enxergar sua natureza oca.
E, dessa forma, devolvi a profundidade para mim.

Comunicação de uma pessoa só

Você não queria me ver. Eu talvez quisesse. Mas sei que não valeria a pena.

Cruzamos olhares no metrô de São Paulo e você fugiu.

Então eu fiz a única forma de comunicação que me agradaria. Resolvi dar o meu "oi, tudo bem?" de outro jeito. Sentei ali perto e li um livro. E escutei o que pude da sua pessoa, sem encarar e sem invadir, como um fantasma que consente em sua própria condição.

E me senti ali, estranhamente acompanhado, aconchegado pela minha própria forma de comunicar. E fui embora sem deixar rastros. E fui embora sem ser herói.

E não precisei sê-lo. Só fui eu. E respeitei o silêncio.

sábado, 24 de julho de 2010

Visões dentro e fora do casulo

Quem vê de fora, entende o mundo selvagem além do casulo.
O ser que abriga seu interior entende sua particularidade.

Só que todos enxergam dentro de seus casulos.
Então o exterior é sempre distorcido.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Eu entendo Jesus Cristo

A gente pensa num mundo feliz e harmônico, mas só resta sangue nas mãos. Eu sinto que machuco as pessoas. E no fim, o maior ferido sou eu.

Dos princípios da maldade

Todo o ser humano é bom e mau por princípio.

A generalização dessa frase gera o conceito errôneo de natureza humana boa ou ruim. E as questões de maldade e bondade não surgem de causas externas, como situação social, questões públicas ou políticas. O mau e o bom são princípios, elementos primordiais de uma ação. Todo o princípio, utilizado, torna-se uma práxis, uma prática cotidiana.

Sou mau com meus olhos, mãos e palavras proferidas.

Eu estou com a maldade em minha mente, em meus sentimentos. Eu desenvolvi esses princípios o suficiente para causar sofrimento puro e satisfações ineficientes. A maldade se torna um incômodo e um prazer contraditório. Em nome do conceito errado de natureza humana, eu poderia deixar que a maldade continuasse em meu espírito, guiando minhas ações para consequências desastrosas.

Meu objetivo é expurgar o mau dos meus atos, suspendendo sua eficiência, seu valor como formador de mensagens e práticas. Começo essa pratica de meditação conceituando que o malvado é um princípio que gera causas, não um formador ou identificador de caráter. O mau não conceitua, mas é conceituado pelo comportamento, pelo ato.

Suspensão das verdades. Análise. Retorno das significações de forma diferente e eficiente. Suspensão, não destruição. Análise, não salvação.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Sobre Batmans e Coringas

Lembro quando fui assistir Batman: O Cavaleiro das Trevas ano passado. O Coringa roubava a cena, com uma maquiagem decadente e trejeitos de lunático. O comentário geral sobre o filme era sobre a excelente atuação de Heath Ledger, que morreu pouco tempo depois das gravações.

Inspirado nos quadrinhos de Alan Moore, A Piada Mortal, a história tem o triunfo de não mostrar o Coringa como um mero palhaço, mas sim como louco. Eu, como os outros, simpatizei deveras com essa loucura toda.

Mas percebo, cada vez mais, que eu sou o ranzinza Batman. E que meus inimigos são malucos.

Como percebo? Valendo-me da máxima do Coringa de que todos são loucos, especialmente o Batman. E eu não passo de outro por ai, mas querendo fugir disso.

É esse o problema.

sábado, 1 de maio de 2010

2010 segundo palavras-chaves

Trabalho de Conclusão de Curso sobre História dos Videogames. Priscila. Levar Priscila de carro pra casa e curtir esses momentos. TCC. Revista Sorria. Felicidade familiar. Faculdade de Jornalismo. TCC Games. Faculdade de Filosofia. Cásper Líbero. USP. Faculdade de Letras, Filosofia e Ciências Humanas. Correr. Gasolina. TCC. Jornalismo. Ética Jornalística. TCC. Jornalismo Opinativo. TCC. Namorar. TCC. TCC. TCC. Filosofia da Ciência. TCC. Pautas da Sorria. TCC. Livetouch. Lembrar da TAXI labs. TCC. Vida pessoal nula. TCC. TCC. TCC. Música a todo momento. TCC. Aprender a usar Mac. Curtir as árvores da USP. TCC. Falar pouco com amigos na Cásper. Piadas do Luís Mauro. TCC. TCC. Guitarra elétrica encostada. Vida adulta pra frente. TCC. Efetivação no emprego. E mais TCC.

domingo, 7 de março de 2010

Batata Quente

Dos problemas que passam dos outros para mim, de mim para os outros. Vejo desmistificação ao redor, e espelhos difusos em cada situação. Todos eles mostram-me o rosto distorcido. Brinco com a batata e repasso. Não sei se as feições são minhas ou de meu amor. Não sei se há feições. Não sei se é humano. Sinto estranhamento de mim mesmo, tão erótico quanto as familiaridades e dejavus.

sábado, 6 de março de 2010

A Escola

Mora dentro de todos nós. Não sei se todo mundo que me conhece saca disso, mas é por isso que eu gosto tanto de aula, de discussão e de aprender. Não se trata de acreditar cegamente em instituições que claramente te manipulam em muitos aspectos, mas de acreditar que alguns professores podem ser seus amigos e que o seu cérebro é seu templo de crescimento.

Se você abandona as convenções escolares e as normas de teus pais, pelo menos aprenda por si, torne seu tempo produtivo, nos ócios e nos ofícios. Isso traz sofrimento, mas também desenvolvimento e o tempo em si. Sem escola, não há hora, nenhuma delas.

terça-feira, 2 de março de 2010

Você-mídia

Em abril de 2008 eu criei um microblog para escrever mensagens de celular. Em formato de celular, em pílula, em resumo. Naquela ocasião, criei apenas porque outros criaram. Vi piadas alheias, não as frases de humor apenas, mas piadas de pássaros, que são as mensagens resumidas em microblog. Interagindo com aquelas mini-mensagens, criei o eu-mídia em piados. O eu-mídia que se alimenta de pílulas e oferece pílulas.

Nesses pedaços minúsculos de informação, eu posso me enxergar como provedor e alimentador desse meio. Quando crio algo maior, me dissolvo na minha própria criação, dentro ou fora de internet, em qualquer suporte, em qualquer parte. Na verdade, em verdade, posso tornar minha pessoa uma mídia em toda a situação, mas optei pelas informações pequenas.

E é isso o twitter: atualmente, é minha presença comunicativa, pelo menos em suporte. É o formato que eu me adaptei para transmitir o que posso pessoalmente. A questão que resta é se a minha pessoa como mídia vai migrar. Vai? E por qual motivo? Sempre existe um espaço de manifestação mais pessoal.

No entanto, mesmo com todas essas implicações, escrever menos não é escrever mais. Escrever é escrever, seja qual for o tamanho. No fim, restam as significações, os significados, as significâncias.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Jazz, chucrutes e cerveja de leve

E nada mais me basta. Posso estar fora de forma,sem forma para meu físico de requeijão. Mas degusto o chucrute do cachorro-quente com vontade. Jazz toca de fundo, com um baixista tocando em pizzicato, enquanto um piano lento forma a melodia.

Parece um cenário degradante, mas é um boteco limpo. É um banquete digno de uma vitória de anos. Não era minha festa, mas realizações conquistadas me fazem comemorar esse clima limpo de alma, não correspondendo necessariamente à verdade.

Não é um boteco pulguento, é meu coração ciumento e orgulhoso. É a felicidade duradoura.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Não me contento com um lugar para escrever

E escrevo em um monte de blogs inúteis, inclusive um fazendo menção a um nick de internet.

Escrevo nesses lugares. E em lugar nenhum.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Eu só queria construir um labirinto

Para fugir do infinito confuso
Que é o momento vivido.

Afraid, Priscila e Julio Cortázar

... penso nesse começo de madrugada em nossos corpos, na voz de David Bowie tocando um rock moderno, enquanto leio o jazz argentino de Julio Cortázar. Penso na vida sem sentido, na beleza assustadora e na vontade de morar dentro de você, que nem sempre é fofa ou bonita de se dizer, mas é sempre regozijante (que palavra horrível!). Penso em todas as páginas que não li, penso em quando você abriu meus olhos para as possibilidades de leitura, abriu e distorceu minha imaginação, enquanto alucinava com nossos contatos carnais. Penso no péssimo ator, que é o autor. Penso que só quero dividir essa carne e cama que fundamenta nosso amor, nossos livros e gostos. Isso é sempre, seja com jazz, rock pesado, mate ou café.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Blog pessoal

É um ego pedante,
Um desapego constante,
Desejo tratante.

Um pedestal de areia,
A falta de pão na ceia
E suco de aveia.

É um culto sem divino,
Um albino
Torrando no sol, um esquilo
Deixando escapar sua noz.