quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Aprender a dormir

Nesses dias aprendi a desligar o computador de noite.

Apagava durante o dia. Pifava. Dormia sem motivo algum. Vivia cansado, embora fosse eficiente em empreitadas virtuais. Recomendaram-me: Desligue as máquinas. E eu aprendi a esvaziar a mente.

E eu aprendi a esvaziar os problemas, ao enxergar sua natureza oca.
E, dessa forma, devolvi a profundidade para mim.

Comunicação de uma pessoa só

Você não queria me ver. Eu talvez quisesse. Mas sei que não valeria a pena.

Cruzamos olhares no metrô de São Paulo e você fugiu.

Então eu fiz a única forma de comunicação que me agradaria. Resolvi dar o meu "oi, tudo bem?" de outro jeito. Sentei ali perto e li um livro. E escutei o que pude da sua pessoa, sem encarar e sem invadir, como um fantasma que consente em sua própria condição.

E me senti ali, estranhamente acompanhado, aconchegado pela minha própria forma de comunicar. E fui embora sem deixar rastros. E fui embora sem ser herói.

E não precisei sê-lo. Só fui eu. E respeitei o silêncio.