quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Beijo sob o Prelúdio

O violino se guia para as tensões
Das impressões digitais que praticamente não tocam teu rosto,
Mas que dançam sobre a superfície quente, para olhos intermitentes
Que brilham sobre o gotejar da lágrima e da troca de reconhecimento,
Não cabe mais nenhum sentimento para este momento.

Só o toque do beijo e do calafrio
Do desejo, distenso com o feito realizado.

Prelúdio (Introdução), Lento - Heitor Villa-Lobos

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Primeiro emprego

Numa empresa de games,
Rodeado de macs, de nicknames
Na internet, tráfego de horas,
Escassez de idéias, conhecimentos,
Armamentos publicitários, tecnologia
De ponta, magia artificial.

Bloguei meses, mesmo na pior fonte
De inspiração, procurei refúgio
Em alguns livros, palavras no cio.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Pequenez dos Seres Grandes

Sempre fui alguém que, ou por racionalizar/mitificar demais, sempre procurei causas e efeitos nas coisas e nos acontecimentos. Enchi perguntas de porquês e pois, não deixei nada para depois. Normalmente, não me permito respirar ou resfriar um pouco os pensamentos.

Mas uma pessoa, e algumas coisas, já estão pedindo para que eu pare de refletir. Não é para ser ignorante, mas sim para ter fôlego para a próxima pergunta. E esse hiato, essa pausa entre cada cena de cinema das nossas vidas é que pauta essa realidade sem sentido.

Tem coisas que são mesmo defeitos.
Tem coisas que são mesmo virtudes.
Para cada efeito, uma altitude e largura variados,
Batalha naval, mundo canibal.

Acho que este é um exemplo de "meu querido diário": um daqueles posts sobre vida particular, mesmo eu não tendo o menor dom com isso.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Bom ator

Nem é escritor,
Cumpre farsa, cobre audácia
Em nome de atitudes garantidas
No alto do palco, falácia também.

Livro em blog

Tá ai, pode ser copiado, estuprado nas letras,
Ememdado pelas telas, replicado e digitado,
É uma prostituta astuta aberta.

Sub jeito ativo

Jeito underground de estar ligado,
Substantivo ajeitado na atividade,
Subjetivo.

Brisa

Pisa na consciência, prega incompetência
Corporal, literal, animal,
Reza no vento, asa da Torre de Babel,
Ninguém entende seu papel.

Literato

É o rato literal
Que penetra invisível
No mel escrito, dos contos
Incríveis, registros
De impossível fel.

Priscila #3

Bochechas enormes, bota pra tocar o vinil, abraço seu corpo sem nenhum servil sentimento.
Me sinto acompanhado, hidratado por beijos e carinhos, tratado por um momento limpo.

E o ego?

É prego. Martelo do teto,
Preso no rosto. Escroto
Seco no esgoto, rancoroso
Jeito indecoroso do
Meloso sujeito.
Emprego do encosto.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Pessoas e poesia

Cada eu-lírico que se manifesta em meu ser
É fruto dos estímulos do crescer dos brilhos
Em colisão com o mundo físico,
Cada ponto tem uma infinidade
De possibilidades de traço, um maço
De cigarro pode ser fumado e estragado.

Vejo em cada rosto trechos de obras na íntegra,
Vejo em cada feição nuances desintegradas,
Cada curva humana, uma semente,
Uma chama, palavra e pele.

FAQ myself. Favor não confundir com f*ck.

Provavelmente essa foto do lado esquerdo é a que mais gosto, das ego-shots. Camiseta do game Metal Gear Solid comprada no Rio de Janeiro, meados de 2006.

Quem é você?

O nome completo é Pedro Zambarda de Araújo. Nasci num carnaval do dia 25 de fevereiro de 1989. Sou mais alguém que você encontrou pela internet. Aparentemente, um número.

Você escreve?

Alguns dizem que não. Outros, me superestimam. Eu não sei fazer outra coisa, pelo menos não com a mesma dedicação. Perco horas de sono escrevendo, seja para planejar coisas ou mostrar alguma coisa pras pessoas.

O que você escreve?

Vamos voltar no tempo. Quando eu era um pirralho de 8 anos, em 1995, pouco depois daquela Copa do Mundo com o Romário e o Bebeto, eu costumava ver história de videogames, filmes de ação, novelas da Rede Globo e várias outras coisas e, com elas, imaginar as minhas próprias. Comprei um caderno azul com cerca de 200 páginas em branco pra isso. Naquele momento, eu havia decidido que queria ser um escritor.

Independente do sonho virar ou não realidade, comecei com prosas, desde moleque. Aos 14 pros 15, comecei a descobrir a poesia. Nessa hora, eu descobri que amava mesmo palavras e não conseguia me acertar em contas, na matemática. Dos 17 pra frente, me envolvi com o jornalismo, mas sem largar eventuais poesias/crônicas.

Não sou alguém rico com o que faço, mas já publiquei poesias em coletâneas e ganho dinheiro com blogs.

Dinheiro com blogs? Você deve ser mais um que vai morrer pobre fazendo jornalismo!

Pode ser, mas não me daria bem em engenharia da computação, que era a outra carreira que imaginava. E eu prestei Letras, na USP, uma empreitada que não deu certo (e que é risível).

Ok, mas o que você escreve é bom?

Não sei, mas sou fã da prática. Fico insistindo. Também tento fazer podcasts e videocasts, pra não ficar preso em palavras grafadas. Comunicar é isso.

Que blogs você tem? Você é um blogueiro profissional?

Prefiro dizer que sou um jornalista fazendo blogs. Trabalharia na televisão ou nos impressos, apesar de gostar muito da internet.

Em 2004, estava vidrado em poesias e havia criado um DeviantART. Apesar do abandono, é uma das melhores galerias pra você ver o lado mais literário do meu trabalho. Clique aqui.

Em 2005, estava na onda de blogs e fotologs pessoais. Desses, tenho coragem apenas de mostrar meu fotolog.com. Se quiser achar coisas mais comprometedoras, quebre a cabeça no Google, fazendo o favor.

2007 eu fiz uma experiência coletiva muito legal na cadeira de filosofia da Faculdade Cásper Líbero, do curso de jornalismo mesmo. O nome do blog é Cidadão do Mundo, e ele tentava relacionar os conhecimentos filosóficos com notícias e artigos, dando destaque ao pensador francês Edgar Morin. Confira.

Nesse mesmo ano, criei, com poetas, o grupo The Blue Writers. Apesar de estar meio parado, fazíamos encontros e damos pitaco no trabalho de cada um. É engraçado e enriquecedor.

O ano de 2008 trouxe o blog mais bem-sucedido que eu já tive: o Bola da Foca. O blog continua até hoje, com colaboração de peso de muitos amigos e colegas que eu tive ao longo de meus estudos universitários, dentro e fora da faculdade. É a experiência mais próxima da prática do jornalismo que eu tive, antes de trabalhar. Postamos (quase) diariamente, num conceito de "blog-jornal".

Trabalho atualmente em uma empresa que faz games, webgames e advergames. Isso mesmo: videogame. Confere a
TAXi.Labs aqui.

Apesar de blogar profissionalmente, não consegui um milhão de visitas, não sou uma celebridade geek e me atenho ao que sei escrever. Acho que não tenho dom de fazer algo apenas pra enganar gente que faz busca no Google, apesar de não ter nada contra isso, exatamente.

Fiz um monte de coisa depois disso. Dá uma "googleada" pra descobrir.

Você é muito pseudo-intelectual.

E prolixo também. E digo isso sem nenhum prazer.

Você seria menos intelectualóide se mudasse de assunto.

Aí eu vejo um problema: não tem nada demais gostar de blogs e de literatura com ser enrolado como eu sou. Acontece que eu gostaria mesmo de ser mais simples, até por trabalhar com jornalismo. Se eu quisesse ser simples pra agradar aos outros, eu teria sérios problemas.

Que raios é esse tal de Péssimo Ator?

Um blog que eu não quero que seja divulgado, mas algo mais próximo de um blog pessoal. Posto poesia, pensamentos e exercito linguagem. Pode ser que eu mude os assuntos. A palavra ator, do nome, é uma brincadeira com outra parecida: autor. Quero dizer: sou tanto um péssimo ator do meu próprio teatro quanto um péssimo autor da vida. A idéia é sempre melhorar.

Isso aqui tá ficando muito subjetivo.

Tá? Então visita meu blog-portifólio, que diz quem eu sou de maneira mais fria e distante. E fim de papo.


Faq myself foi inspirado no HBDia do Izzy Nobre.
E no antigo
Megalópolis de Fabiane Lima.
Créditos para quem inspira, claro!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Blasé e purê

Era blasé, embora não soubesse o que era. Poderia ser patê, de tão cremoso e sem graça. Usava óculos de armação grossa. Se fosse mulher, tinha lábios carnudos e silhueta largada. Se fosse homem, barba ralada é o certo. Dizem que esse indivíduo representa nossa geração, século vinte e um. Prefiro pensar que não, obrigado.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Outro Péssimo Ator

Trabalha no fundo da peça, nos roteiros, na produção,
É carregador, é esboçador, mas não costuma ser boçal
Como a estrela egocêntrica ou o babaca popular,
Ator ruim trabalha na borda do lamaçal
Artístico.

Não há ator
Tão péssimo e eterno
Quanto o escritor.

(Das peças de propaganda, da peça em n atos, dos livros desgastados, até dos rascunhos mais infantis.)

Deslocamento

Há alguns meses, acho que sofro de narcolepsia. Se não for narco, é falta de horas dormidas. Se há vontade de dormir, eu não a conheço muito bem. Sempre encontro coisas mais úteis pra fazer na cama, desde uma leitura até uma companhia. Normalmente o sono vem e me derruba, sendo bem direto no que ele deseja. Luto constantemente contra ele, pois é nossa maneira de nos relacionar.

Sinto falta de sonhos. Não de ter sonhos, mas ter a capacidade de concebê-los, deles refletirem de maneira simplória o que eu sou. As poucas imagens que aparecem são pequenos pesadelos ou situações em que eu magôo as pessoas que me admiram, cenários onde a depravação predomina. As imagens que percorrem minha cabeça são sexo, deslocamento de corpos, falas bizarras e um pouco de morte. Me parecem reflexos de frustração e de uma certa auto-repressão. Me parecem matéria que pode interessar uma certa psicologia, senão a de todos os tipos.

Não há vontade de relaxar, mas sim um cabo que alimenta e que me abandona, esporadicamente. Há essas imagens e o deslocar da minha energia, o alocar de um descanso forçado. Há conjunções carnais e pedras que rolam. Acho que sou uma bola de neve deslocando: um acúmulo de impressões, expressões e pressões.

domingo, 27 de setembro de 2009

Lívia

É uma pessoa de estatura baixa que sempre sustenta um sorriso maior do que o próprio rosto. A altura não interfere em sua superioridade, que desarma qualquer defesa com palavras rodeadas de um positivo sentimento direto.

Sua vida tem cores, até quando predomina o preto no branco, a simplicidade no excesso. No entanto, nada é espalhafatoso nessa pessoa: tudo tem sua exata medida.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Ímpetos

Quero tentar muitas coisas,
Não há muito tempo, as loucas
Noções burbulham aqui.

Ímpeto direto,
Falta direito ao ato.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Revolta Moderada e Bullying

Saí puto de determinada aula X. Não gosto de determinadas brincadeiras. Não se acorda disposto a brincar certas vezes. E normalmente, no melhor ato de depreciação da minha vida pessoal, posso vir a confessar isso num blog.

Mas, no meio do caminho, encontro uma figura que faz recomendação de livros, conversa frivolidades e simplesmente mantém seu ar sereno. Você não sabe se é por já ter passado por bullying, ou simplesmente, por ter um temperamento bem mais frio do que o seu.

Enfim, brinco com pronomes neste post. Brinco com minha privacidade. Acho que bullying daria um bom tema para livro e tente nunca se estressar com aulas. Especialmente quando você se toca da razão idiota...

...e que uma simples conversa de elevador resolve.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Clean

Leve como design branco,
Meu letreiro urbano,
Resto de significado
E texto, assim.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Romper

Romper o tecido. Romper os ligamentos
Do braço estendido. Romper o beijo
Indeterminado na noite. Interromper
O leite materno, deleite infante. Irromper
Com um amor extasiante.

Sobre céus e terras

Li seu rascunho a meu respeito.
Fiz algumas definições e teorias sobre seu sorriso.
Compusemos uma serenata sobre desejos.
Senti seu abraço contra meu peito.
Degustamos a comédia do sentimento.
Fiquei sério ao te volver com meu ensejo.
Terminei meu ensaio.
Queria dar começo ao balaio, recolher o fruto.

Vi terreno que me deste. Vi o agreste
Dos problemas que passaremos.
Mas estampei felicidade nos meu ímpetos.
Do alto dos picos eu semeei a terra
E deixei você crescer até minha montanha.

Quando estávamos unidos,
Não havia quem estivesse no topo
E nem base pro morro,
Quando estamos unidos,
Não existem os separados.

domingo, 2 de agosto de 2009

Augusto Sentimento

É reduto do contentamento
Sereno da minha mente,
É o templo da semente da flor,
É tempo da maturação da cor.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Paulo

Atualmente desenvolveu um jeito de ficar sozinho, mas antes pedia insistentemente minha companhia pra tudo, quando eu mais queria ficar na minha. É mais alto do que eu. Já foi menor. Tem feições mais leves do que as minhas, mas ainda consegue ser mais desajeitado do que eu.

Brigávamos mais quando éramos menores. Quando eu era maior do que você. Hoje você cresceu e é muito melhor do que eu, especialmente no quesito relacionamentos. É um garoto para casar, esse meu irmão querido.

sábado, 4 de julho de 2009

Priscila #2

"Então pergunta aí pro reino das palavras o que acontece pra gente ser tão parecido(...)".


Será que é por que eu te amo, admiro e gero sintonia quando você fala?

Será que é essa coisa que causa borboletas e me faz pensar, também, nas durezas, mas com conforto?

Será que é essa coisa de falar e gerar um "é isso!", sem fechar em preconceitos, pensando diferente?



Eu tô caçando isso no reino das palavras,
Só pra te dar de presente.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Marília

Marília me encontra cedo na faculdade. Marília vê o nascer estorvo e o amanhecer na virtude. Marília já vem misteriosa com a incerteza de qualquer dia.

Marília não comete excessos.

Marília demonstra um carinho contido. Não é arredio, é contido.

Prefere não muitos abraços, mas sim um sorriso tímido.
Na verdade, ela tem tanto dentro de si que o que transparece é mútuo.

Múltipla, ela contém milhões,
Dentro e fora.

Priscila

Pequena, Priscila é. Pequena, doce, rápida pra responder e um ardil vivo pra pensar.

Priscila parece me entender. Tem conclusões de comparações distantes. Tem conclusões de homens mortos ligados a nossa vida cotidiana. Priscila parece gostar do contato constante, e não de silêncios que se tornam ausências.

Priscila é pequena. E grande na sua voz. Grande aos meus ouvidos.
Grande pra minha admiração.

O Concerto

Corria concreto, os instrumentos certos,
O coro harmônio, concerto corria.

O violino dançava, o violoncelo rugia,
O baixo ressoava, a música era em fuga.

Era apaixonado por aqueles instrumentos,
Mas um dia o violino quebrou, em pedaços
Sangrentos, era minha amada querida.

Um compositor pode passar a vida inteira com o mesmo instrumento,
Mas eu tive que trocar. E a música mudou o seu amar.

domingo, 28 de junho de 2009

Andando #4

Meu desejo é esgotar eu mesmo,
Meu desejo é desgostar de mim,
Ensejo o seu contato,
Sou Major Tom e perdi o controle,
Sou estrábico.

Bowie com brownie, e talvez fritas.
Eu ando para junto do junkie food,
Dançando minha valsa e o rock´n´roll.

sábado, 27 de junho de 2009

Andando #3

Fui ao cinema sozinho, poucas horas atrás.

Vi um filme que representava, que me copiava, que me amava.

Senti a garganta enroscar. Meus sentidos embaraçarem. Roçar do meu umbigo,
Coçar meu sensível. Despedaçar.

Senti a falta da presença que me molda. Uma das vozes que me sondam. O pai dos meus sonhos.
Aquele que me recomendou o jornalismo, o ofício digno do que sei.

E, há tanto tempo que te amo,
Il a longtemps que Je t´aime.

Muito triste.
Mas eu amo todos vocês. E ando.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Andando #2

Naquela rua escura, eu olhava a mim mesmo.

O problema é que eu não via mais ninguém, não via também
Meu amor sadio, o fio da minha meada. Via o sopro do nada.

Andando

No último sábado eu estava andando em uma rua escura.

Alguns diriam que eu estava fugindo, correndo, me escondendo.

Estava procurando clareza. Clareza no escuro. Destreza.

Fazia frio. Meu casaco não me aquecia direito. O brio era pouco.

Ninguém nas ruas. Ninguém. Nenhum olhar direcionado a minha pessoa.

Saudades das pupilas, das possibilidades, da síntese, do reto pensamento.

Andando e cantando. Mas sem seguir canção.

Mergulhando no interior do dragão, no meu eu mais pagão.

No último sábado eu estava andando numa rua escuro, no concreto
Sem paixão.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O Exílio e o Reino

Título desse post é título de um livro de Albert Camus. Não tenho muita criatividade ultimamente, embora tenha elaborado alguns poucos nomes engraçados pra texto, no melhor estilo palhacitos.

Eu não gosto de textos de desabafo. Gosto de ler os desse tipo, não de escrever. Mas acho que preciso fazer isso por aqui. Acho que o péssimo ator é tão péssimo que ele desistiu de atuar. Desistiu das cenas e das falas. Dos scripts. Do papel determinado. Decidiu improvisar.

Fiz isso no último dia 29. Em uma apresentação de pesquisa de dois anos e deu certo. A fala saiu rebuscada em determinadas horas, mas claras em outras. As críticas foram recebidas, bem recebidas e concentradas. Sinto falta disso na minha vida. Sinto falta de poder fazer, sem pensar muito, e acertar na medida.

Queria ficar aqui, sem ninguém me ver. Sem ninguém me recriminar.

Eu passei dois anos ao lado de uma menina linda. Eu passei praticamente 19 dos meus 20 anos atrás de um pai que sempre me assustou por antecipar tudo o que eu seria. Passo o tempo inteiro com uma mulher que é incrível e que me constrange, constantemente. Não me envergonha, me constrange. Eu preciso sempre estar por baixo. Eu preciso estar sempre bem. E eu sempre andei sozinho.

Sempre gostei de engolir sapos. Contruiria castelos de ouro com todos os sapos que engoli. Empilharia os anfíbios e faria torres de observação. Um a mais, um a menos. Não faz diferença. O problema é que eu sempre quis falar e deixar que eles saltassem da minha boca. Queria que minhas frustrações grandes e pequenas saíssem. Mas sempre saiu fumaça.

Então eu me afasto, ou sou afastado. Eu queria poder olhar o que eu quiser, no tempo que eu quiser, mas já não posso. Eu pude olhar por muito tempo. Pude errar por muito tempo e queria errar ainda mais.

Quero ser compreensivo. Eu não consigo falar em primeira pessoa, sou ambíguo. Meu pensamento é algo disperso. Meu abandono é minha maior virtude.

sábado, 30 de maio de 2009

O amor é importante.porra #3

Foi apagado da Rua da Consolação, no cemitério.

Voltou a aparecer na Cruzeiro do Sul, do lado da entrada da Federal.

RP

Ontem fui ver aula de Relações Públicas na Cásper. Me senti o melhor homem do mundo por alguns minutos.

Professora: "Gente, esse é o Pedro, estudante de Jornalismo"

40 garotas lindas: "Oooooooi Pedro!"


Testosterona berrou aqui.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O amor é importante.porra #2

Está pichado, novamente, na Rua da Consolação, no cemitério.

Já haviam apagado, uma vez.

domingo, 17 de maio de 2009

Todo meu amor ao...

Pensar é antes de mais nada querer criar um mundo (ou limitar o próprio, o que dá no mesmo). É partir do desacordo fundamental que separa o homem da sua experiência, para encontrar um terreno de entendimento segundo a sua nostalgia, um universo engessado de razões ou iluminado por analogias que permita resolver o divórcio insuportável. O filósofo, mesmo que seja Kant, é criador. Tem seus personagens, seus símbolos e sua ação secreta.

O Mito de Sísifo, Albert Camus

...pensamento.

sábado, 16 de maio de 2009

Solidus

Um velho homem em uma capa preta. Grisalhos puxam sua testa larga, assim como os carvalhos espaçados que abrem o céu de uma floresta. Um tapa-olho. Um olho claro. Um interior escuro. Um velho homem em uma capa preta.

Duas espadas. O velho homem te desafia para um duelo. Metalhadoras. O velho homem te perfura com balas de semi-automática. Tentáculos. Tentáculos que eletrocutam. Por baixo da capa preta existe uma armadura blindada. O velho homem é um tanque de batalha.

Um velho homem em uma capa preta. Um velho homem que é cópia de seu pai. Um velho homem que já dominou o mundo e hoje não passa de um clandestino. Eu me identifico muito com um velho homem de capa preta, e tapa-olho.

Um Odin moderno.

Qualquer semelhança com Solidus Snake não é coincidência.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Enfim, Jornalista

Segunda-feira eu tive entrevista com a primeira pessoa que entrevistei na Cásper. Não parecia nada demais até tudo correr bem: ela pareceu envolvida em minhas perguntas, falou bastante e deu espaço até para que o pingue-pongue virasse uma conversa descontraída.

Não pareceu nada com nosso primeiro encontro: de cara, ela reclamou por eu ter "tentado" fazer a entrevista por telefone. Não tentei coisa nenhuma, apenas sugeri, caso ela estivesse ocupada. Seu olhar para mim, quando tinha acabado de entrar no meio universitário, era deveras impositivo. De cima pra baixo, sacam?

Mas eu gostei do envolvimento dela com minhas perguntas. Acho que eu evolui o suficiente para essa pessoa. No fim, mesmo que alguns defeitos permaneçam, eu consigo conquistar algumas pessoas. Só isso vale, sem querer me achar.

Enfim, jornalista. Que conversa de igual pra igual, que pode mudar alguma coisa e que faz o que gosta.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Sorrir no escuro

É como descobrir o absurdo,
Não cometer abusos,
Medir os usos e desusos

E rir sem o mundo,
De todo mundo.

domingo, 10 de maio de 2009

Saindo da maca

Depois de ouvir a aula de matemática de Tom Jobim, eu resolvi tirar o soro,

Deixar o mal corroer meu corpo,

Para que o tempero da vida volte a ser recheio,

Com muito sal a gosto.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Anestesia geral

Hoje ouvi alguém no corredor da faculdade berrar:
"feliz ano novo!"

Não sei em quais circunstâncias, contexto, etc.

Mas 2008 terminou no dia de hoje. Esse ano precioso começou em um mês comum de janeiro e terminou num incerto dia de maio, do outro ano. Pensei que terminaria de outro jeito, pensei até que nunca iria terminar.

Anos não passam somente nas datas, mas sim nas sensações. Estudo de teatro: eu tinha um começo, com um protagonista e vários personagens, ocorreu um turning point brutal, que culminou para o incidente de um dos personagens, mudando toda a história.

Faltava saber o destino desse personagem querido. Mas a história não terminou assim.

Na verdade, eu perdi outro personagem. O narrador parou estarrecido, o protagonista perdeu sentido.

Agora, a nova história tem três opções possíveis.

Vingança, pela perda.

Um novo enredo em si.

Anestesia.

Acho que fico com a opção três. Tenho quase certeza que o personagem perdido no fim dessa narrativa foi o próprio protagonista dela. De certa forma.

Não tenho o que fazer. Então basta injetar a agulha. Se há tantos problemas insolúveis, a agulha deve me fazer dormir o suficiente. Nada de prozac, pois não quero me sentir melhor.

O negócio é calmante. É a lucidez que sempre machuca um pouco.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

sou e nós

Sou péssimo escrevendo. Tão péssimo escrevendo quanto dançando o irritante tango do destino e percorrendo o losango da falta de pontuação, da falta do ar condicionado, do meu pulmão reprimido.

Não ouvi Marcelo Camelo nem sua obra em 360 graus, ou seu cabelo enrolado em barimbaus. Só pensei em alguma rima estúpida, em algum lembrança abrupta, para querer tentar expressar nesse recinto. E só sei que sou péssimo escrevendo. Mas podia ser pior.

O ideal é melhorar. Porém, entre ser muito ruim ou pouco ruim, prefiro a pessimismo.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Cadeado

Menina do sótão, estuprada pelo pai austríaco,
Mãe de filhos bastardos, encurralada com ânimo
Tênue, com mente disforme.

Aluno condicionado na sala,
Ama matar aula, fumar maconha,
Ir pra balada, ir pra gandaia.

Trabalhador de bem,
Homem de bem, nem
Pensa muito, vem
Pro serviço, convém
Para o seu terno de linho.

E a liberdade? Não existe para pessoas de cadeado,
Não existe para os olhos cansados, para o humor entediado,
Para esses, só há a condenação de verdade, o muro.

Guerra Fria do Jornalismo

Gostaria de deixar registrado.

Estou fazendo um curso de jornalismo em uma classe dividida em dois lados, com pessoas que olham com hesitação tudo o que faço (e vice-versa). Posso estar contaminado por meus amigos ou inimigos, mas, em uma situação dessas, as pessoas se equivalem.

É interessante olhar para um lado da sala e ver um muro invisível que nos separa. Depois, quando o sol toca o asfalto de pedra da Paulista, ver todas as pessoas dentro de cubos, em seus universos particulares.

São hamsters de laboratório. Pássaros a se apreciar, em suas gaiolas adornadas.

Agradecimentos especiais a D.S.M., pela "Fria" que situa toda essa guerra.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Ditadura dos bons textos

Eles tem que ser engraçados, ortograficamente corretos ou, pelo menos, coesos. Fragmentações, tropeços de pensamento, pausas dramáticas, tentativas de fuga das modinhas serão sumariamente excluídos.

Resumindo: se eu sou torto, eu não tenho o direito de ser torto. No máximo, posso ser um torto popular. Um tortão. Tenho o direito de expressar coisas acessíveis, nada muito complicado.

Acho a pieguice e falta de compreensão tediosas.
Mas as iniciativas (ainda) são sensuais.

Discute

Discute, resolve, discute, fale, discute, aniquile, discute, modifque, discute, fique.

Discute, justifique, discute, especifique.

Discute, deixe?

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Bocas

Conversei hoje com uma amiga, muito querida, sobre como as pessoas são voltadas para si, muito mais o que qualquer tentativa de aproximação que deveria ser tentada.

Pensei nessas pessoas como bocas.

Atraentes bocas, mas preocupadas apenas com seu interior.

Então pensei que poderia ser diferente disso tudo.

E eu pensei que era um beijo(?). Nunca mais pensaria em meu interior da mesma maneira.

Beijos e bocas. Mas, no geral, somos mais bocas. Bem meia bocas.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

"O amor é importante.porra"

Vi essa frase em três lugares diferentes.

Avenida Cruzeiro do Sul, Rua Augusta e Rua da Consolação.

O negócio deve ser sério mesmo, mesmo em pichação.

segunda-feira, 30 de março de 2009

A música mais triste

Eu ouvi há exatos 8 dias. Estava no meio da muvuca do Just a Fest, um festival reunindo bandas nacionais e internacionais com os ingleses do Radiohead como atração principal.

Tocaram diversas. Karma Police, Fake Plastic Trees, Paranoid Android, Videotape e até algumas cuja letra me fugia, o ritmo me estranhava. E as pessoas se debulhavam em lágrimas com a depressão e reflexão dos músicos em suas exibições.

Eu ficava fascinado mas ainda distanciado daquilo. Me sensibilizava sem me derrubar ao chão até começar aquele violão leve e despretencioso.

Si menor/Fá sustenido, Ré, Lá menor, Mi e mais algumas variações desses acordes. O público em transe.

Wake... from your sleep
The drying of your tears
Today.. we escape
We escape.

Pack and get dressed
Before your father hears us
Before.. all hell.. breaks loose.

Breathe... keep breathing
Don't lose.. your nerve.
Breathe... keep breathing
I can't do this.. alone.

Sing us a song
A song to keep us warm
There's such a chill
Such a CHILL.

You can laugh
A spineless laugh
We hope your rules and wisdom choke you
Now we are one
In everlasting peace

We hope that you choke.. that you choke
We hope that you choke.. that you choke
We hope that you choke.. that you choke

Uma música sobre o vazio dos homens, sobre o desespero de estar perdendo alguém, um dos elos perdidos para entender o CD Ok Computer. Não pude evitar algumas lágrimas, transe e a imersão que toda aquela melancolia me causava.

Não podia parar, não podia me controlar. Exit Music (For a Film) é uma lição para qualquer músico e interessado: ninguém precisa tratar de temas corriqueiros para alcançar a sensibilidade dos ouvintes. A música é triste por ser. Não há dores de amor, rancor ou vingança. Há a perda, única e intacta.

E depois de tudo... eu me senti bem. Mais leve.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Citando sua própria citação.

"O que é para você a objetividade?

É a subjetividade não aparente. É um resumo que, bem trabalhado, desperta pouco ou praticamente nenhum questionamento."

Nunca respondi tão bem uma questão. Quero dizer, nada superior e nem inferior a todas as outras pessoas. Só explica essa falta de sentido tão clara.




Mas eu tenho consciência que é EGO demais parafrasear a si mesmo.

Minha paixão por músicas em Lá menor

Dão a tônica se encerram ou começam com essa nota enigmática.
Acho que ela soa como um suspiro no ouvido, um pedido, um zumbido.
Acho que ela é o meu sopro cardíaco, o meu pedido.

Repleto de iniciativas

...podre em justificativas.