terça-feira, 30 de junho de 2009

Marília

Marília me encontra cedo na faculdade. Marília vê o nascer estorvo e o amanhecer na virtude. Marília já vem misteriosa com a incerteza de qualquer dia.

Marília não comete excessos.

Marília demonstra um carinho contido. Não é arredio, é contido.

Prefere não muitos abraços, mas sim um sorriso tímido.
Na verdade, ela tem tanto dentro de si que o que transparece é mútuo.

Múltipla, ela contém milhões,
Dentro e fora.

Priscila

Pequena, Priscila é. Pequena, doce, rápida pra responder e um ardil vivo pra pensar.

Priscila parece me entender. Tem conclusões de comparações distantes. Tem conclusões de homens mortos ligados a nossa vida cotidiana. Priscila parece gostar do contato constante, e não de silêncios que se tornam ausências.

Priscila é pequena. E grande na sua voz. Grande aos meus ouvidos.
Grande pra minha admiração.

O Concerto

Corria concreto, os instrumentos certos,
O coro harmônio, concerto corria.

O violino dançava, o violoncelo rugia,
O baixo ressoava, a música era em fuga.

Era apaixonado por aqueles instrumentos,
Mas um dia o violino quebrou, em pedaços
Sangrentos, era minha amada querida.

Um compositor pode passar a vida inteira com o mesmo instrumento,
Mas eu tive que trocar. E a música mudou o seu amar.

domingo, 28 de junho de 2009

Andando #4

Meu desejo é esgotar eu mesmo,
Meu desejo é desgostar de mim,
Ensejo o seu contato,
Sou Major Tom e perdi o controle,
Sou estrábico.

Bowie com brownie, e talvez fritas.
Eu ando para junto do junkie food,
Dançando minha valsa e o rock´n´roll.

sábado, 27 de junho de 2009

Andando #3

Fui ao cinema sozinho, poucas horas atrás.

Vi um filme que representava, que me copiava, que me amava.

Senti a garganta enroscar. Meus sentidos embaraçarem. Roçar do meu umbigo,
Coçar meu sensível. Despedaçar.

Senti a falta da presença que me molda. Uma das vozes que me sondam. O pai dos meus sonhos.
Aquele que me recomendou o jornalismo, o ofício digno do que sei.

E, há tanto tempo que te amo,
Il a longtemps que Je t´aime.

Muito triste.
Mas eu amo todos vocês. E ando.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Andando #2

Naquela rua escura, eu olhava a mim mesmo.

O problema é que eu não via mais ninguém, não via também
Meu amor sadio, o fio da minha meada. Via o sopro do nada.

Andando

No último sábado eu estava andando em uma rua escura.

Alguns diriam que eu estava fugindo, correndo, me escondendo.

Estava procurando clareza. Clareza no escuro. Destreza.

Fazia frio. Meu casaco não me aquecia direito. O brio era pouco.

Ninguém nas ruas. Ninguém. Nenhum olhar direcionado a minha pessoa.

Saudades das pupilas, das possibilidades, da síntese, do reto pensamento.

Andando e cantando. Mas sem seguir canção.

Mergulhando no interior do dragão, no meu eu mais pagão.

No último sábado eu estava andando numa rua escuro, no concreto
Sem paixão.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O Exílio e o Reino

Título desse post é título de um livro de Albert Camus. Não tenho muita criatividade ultimamente, embora tenha elaborado alguns poucos nomes engraçados pra texto, no melhor estilo palhacitos.

Eu não gosto de textos de desabafo. Gosto de ler os desse tipo, não de escrever. Mas acho que preciso fazer isso por aqui. Acho que o péssimo ator é tão péssimo que ele desistiu de atuar. Desistiu das cenas e das falas. Dos scripts. Do papel determinado. Decidiu improvisar.

Fiz isso no último dia 29. Em uma apresentação de pesquisa de dois anos e deu certo. A fala saiu rebuscada em determinadas horas, mas claras em outras. As críticas foram recebidas, bem recebidas e concentradas. Sinto falta disso na minha vida. Sinto falta de poder fazer, sem pensar muito, e acertar na medida.

Queria ficar aqui, sem ninguém me ver. Sem ninguém me recriminar.

Eu passei dois anos ao lado de uma menina linda. Eu passei praticamente 19 dos meus 20 anos atrás de um pai que sempre me assustou por antecipar tudo o que eu seria. Passo o tempo inteiro com uma mulher que é incrível e que me constrange, constantemente. Não me envergonha, me constrange. Eu preciso sempre estar por baixo. Eu preciso estar sempre bem. E eu sempre andei sozinho.

Sempre gostei de engolir sapos. Contruiria castelos de ouro com todos os sapos que engoli. Empilharia os anfíbios e faria torres de observação. Um a mais, um a menos. Não faz diferença. O problema é que eu sempre quis falar e deixar que eles saltassem da minha boca. Queria que minhas frustrações grandes e pequenas saíssem. Mas sempre saiu fumaça.

Então eu me afasto, ou sou afastado. Eu queria poder olhar o que eu quiser, no tempo que eu quiser, mas já não posso. Eu pude olhar por muito tempo. Pude errar por muito tempo e queria errar ainda mais.

Quero ser compreensivo. Eu não consigo falar em primeira pessoa, sou ambíguo. Meu pensamento é algo disperso. Meu abandono é minha maior virtude.