sábado, 17 de maio de 2008

O tempo é deformável

Percebo que não consigo dedicar muito tempo aos diários. Percebo que o mal pode chegar até mim, que a suposta imortalidade que todo o jovem deseja (e que o velho também tem nostalgia) pode ser contrariada. "Péssimo Ator" não tem meu rosto, se identifica mais com meus restos, meus encostos.

Diário, o que me resta no armário do conhecimento? No armamento reserva do meu descontentamento? No sentimento sem ter todo momento tomado pelo consentimento? Dia e rio, por que correm sem se voltar?

O jornalismo basta e não me castra: sou uma aresta do parágrafo, um olho entre milhares de textos, uma pauta aberta, um aula sincera. E mesmo sendo assim, possuo alunos dispersos, pensamentos perversos. Sou vinte anos do século vinte e uns tantos. Vinte e um anos menos dois encantos, dezenove anos.

O jornalismo não me expressa claramente, mas a comunicação me faz coerente: não basta textos diretos. É preciso trabalhar os contornos, as sinuosidades das consoantes, tratar de temas dissonantes. Não basta viver uma profissão, é preciso viver uma missão existencial fragmentada em causas sociais, é preciso despertar admiração de terra seca, da Meca em Jerusalém, da encrenca.

É preciso encrencar com o discurso. Os dias e o curso confluentes. Congruentes.

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