terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Riso feito choro (e vice-versa)

Anteontem tive um ataque epilético, ou algo menor, algo menos estético.

Algo menos diabético. Sem necessidade de médico.

Mais uma vez eu decepcionei quem estava perto de mim, assim como me decepcionaram. Nessas horas, eu revolto todos justamente por não querer me vingar, ou não querer me conformar.

Acho que estou atingindo um estágio pior do que a mediocridade. Medíocres passam, apáticos ou não, pelas pessoas, sem revelar dons nem defeitos, sem desvendar nenhum segredo. Eu cheguei num ponto do muro, exatamente no meio, no zero, no recheio, no rodeio sem cavalos, tourada sem touros. Sou um mouro, um asiático, um asmático na multidão. Não se trata de ser mais um ou não, é de não respirar. Não tem nada pior do que não respirar metafóricamente.

É a pior das dores: a que não machuca. É o pior dos desesperos: o consciente.

A pior das ignorâncias, a pior das petulâncias: é minha por eu querer ser.

É minha por eu querer ter. Não é por ser sofredor, mas criador de monstros, antros, dores.

Brigar com a namorada é de menos. Fazer show em público é o de menos. Se sentir patético no dia-a-dia é o de menos. Reprimir por ser reprimido é o de menos. Procurar a desconstrução da lógica é uma tortura. A ótica é uma ternura. Lucidez traz pânico.

E chorei, nos braços dela, "delas" e até deles. Era um choro feito riso. E vice-versa.

Um comentário:

ítalo puccini disse...

se é um conto, tranquiliza-me. Senão, uma pena. As vivências nos engrandecem.

Í.ta**